Seis anos após deixar a Casa Branca, ex-primeira-dama parece cada vez mais à vontade para vestir-se de si mesma. Do guarda-roupa ao cabelo, ela estabelece suas próprias regras de moda e aparência, bancando um novo estilo e novos looks para um novo tempo.

Os looks de Michelle Obama para a turnê de lançamento de seu novo livro indicam que a ex-primeira-dama dos EUA está reposicionando imagem e estilo. Para divulgar “Nossa Luz Interior: Superação em Tempos Incertos”, lançado em novembro, ela participou de programas de TV em várias cidades dos EUA.

Quando vi algumas das fotos de turnê, pensei: mudanças a olhos vistos! O que percebi, e isso faz parte do meu trabalho na consultoria de imagem, foi que Michelle está mostrando um guarda-roupa em consonância com um novo tempo. Seu cabelo trançado representa, também, essa virada na identidade visual.

Michelle Obama a bordo de um terno amarelo luminoso é uma imagem e tanto! Ela parece cada vez mais senhora do próprio estilo, distanciando-se mais e mais do dress code, que se tornou referência fashion, dos tempos da Casa Branca.

  • O terninho amarelo Proenza Schouler ela vestiu em Nova York, quando foi ao programa Today, o primeiro da turnê. Essa roupa foi uma espécie de linha divisória pós-Casa Branca.
  • As roupas, acessórios e penteados de Michelle, durante a turnê, foram compartilhados no Instagram por Meredith Koop, sua estilista há mais de 10 anos.

Li artigos no The New York Times, Vogue USA e InStyle falando sobre o “novo estilo” de Michelle Obama. E de como seu atual guarda-roupa indica que ela deixou para trás a imagem de primeira-dama e a alfaiataria sempre mais estruturada.

Vestido Versace; terno Proenza Schouler e jeans Balmain + top Marine Serre

Um guarda-roupa para seguir em frente

Vanessa Friedman, editora e crítica de moda do The New York Times, escreveu em sua coluna sobre a “reformulação de imagem, literalmente, de uma grande figura pública”, abordando os looks e o novo estilo da ex-primeira-dama em sua turnê de lançamento do livro.

Para a jornalista do NYT, a turnê de um livro, no caso de Michelle, é bem mais do que isso. “É uma maneira de alguém, cuja imagem em um estágio de sua vida foi imortalizada para a posteridade, sinalizar que é hora de seguir em frente”.

Michelle Obama recriou parâmetros de moda e estilo nos oito anos como primeira-dama dos Estados Unidos. Agora estabelece suas próprias novas regras, pois não precisa mais seguir os protocolos e imagem e vestir como antes.

E dá conta de uma nova e poderosa imagem: do guarda-roupa ao cabelo.

  • Por oito anos, ela esteve muito cuidadosa com seu guarda-roupa e sua imagem pessoal. Acho que nesse tempo inovou o dress code de primeira-dama. Mas havia linhas que optou por não cruzar, como faz agora, neste final de 2022.
  • Repare nos looks e no novo estilo de Michelle Obama, que parecem expressar, como escreveu a jornalista Vanessa Friedman, “uma declaração de independência da moda”. E isso vai além de suas escolhas de roupa.
Jaqueta e calça jeans da marca canadense Ganni; couro ecológico Palmer Handing e de abrigo Roksanda x Fila (Fotos/reproduções)
Terno de veludo Balmain; terno Valentino Couture, corpete Brandon Maxwell

Vanessa Friedman sobre Michelle Obama no The New York

“É impossível não pensar que a mudança atual é mais do que apenas física conforto. É também sobre o conforto de estar à vontade consigo mesmo. E nisso é uma declaração deliberada de intenção de liberdade”
É o guarda-roupa de alguém que se livrou dos filtros e decidiu se vestir para si mesma, em vez de se vestir para agradar, ou talvez apenas não incomodar, o maior eleitorado possível”
“Gostando ou não dos ajustes, não há como negar que a senhora Obama parece estar se divertindo com o que está vestindo. Ela está modelando um tipo diferente de escolha, que prioriza sua autoexpressão, em vez de se encaixar em algum modelo”
A senhora Obama está estabelecendo suas próprias regras, definindo-se de acordo com suas próprias expectativas, em oposição às expectativas do papel que ela deve desempenhar

A mensagem poderosa das tranças

A mudança no cabelo vai além do penteado. Tranças e coques realçando os fios crespos, valorizando a beleza da mulher negra. São uma sinalização emblemática dos novos tempos de Michelle Obama.

Nos anos como primeira-dama, Michelle alisava os fios. Mas, em 2019, surgiu com o cabelo cacheado e mais claro e agora, na turnê, adotou tranças e penteados que valorizam seu cabelo natural.

Para Michelle, o povo norte-americano não estava pronto para o cabelo negro.

  • “Eu não usava tranças. Sim, tivemos que aliviar as pessoas”, disse à Ellen DeGeneres.
  • Ela destacou que não importa que a mulher negra seja rica, educada, idolatrada.
  • Para ser aceita deve seguir padrões de beleza europeus brancos, que ainda moldam a maneira como se deve existir na sociedade ocidental.
Tubinho e pérolas nas fotos oficiais de primeira-dama e no baile da posse em 2009 usando vestido Jason Wu

O vestir da Michelle primeira-dama

Sou fã de Michelle Obama, que quando deixou a Casa Branca era a mais popular e admirada primeira-dama dos Estados Unidos.

Ela sabia que suas roupas e acessórios estariam também no centro das atenções.

“Cada escolha dela era vista como propriedade pública, e isso se estendia a cada item que usava e a cada decisão de estilo que tomava”, como observou Vanessa Friedman no NYT.

  • Ela redefiniu alguns conceitos e padrões do que era apropriado ou não uma primeira-dama usar. Adotou, por exemplo, cores fortes, misturou peças de grifes com marcas de preços mais acessíveis.
  • Nos EUA, o guarda-roupa de uma primeira-dama é vasculhado em buscas de pistas sobre quem ela é, seus valores e como representará seu país no mundo.

Mesmo assim, Michelle Obama lidou com alguns limites e teve de se encaixar de alguma forma. Agora, não mais, como mostram o guarda-roupa e o visual de sua turnê de lançamento do segundo livro.

Estava sendo exposta ao mundo, e tive que me tornar estratégica sobre como me apresentar, pois isso poderia me definir para o resto da vida” (Michelle Obama, documentário “Becoming” – Netflix)
A moda, para uma mulher, define como as pessoas te veem. Não é justo nem correto, mas é verdade. Mas você pode usar isso como uma ferramenta ao seu favor ao invés de se fazer de vítima” (Michelle Obama, documentário “Becoming” – Netflix)

Cardigã e saia J.Crew (Londres, 2019), de terno Elie Saab (2019), longo azul Peter Soronem (2010) e vestido Diane von Furstenberg + bolsa Zac Zac Posen (2014)

Gostar de moda. Por que não?

Michelle Obama nunca escondeu que gosta de moda. Com seus looks de primeira-dama divulgou e deu visibilidade a estilistas e marcas independentes, começando por Jason Wu.

A carreira do designer decolou quando Michelle, em 2009, escolheu um vestido dele para o baile da posse de Barack Obama.

  • Michelle Obama, na posição de primeira-dama, mostrou que as mulheres podem falar de moda sem que isso seja um carimbo de frivolidade.
  • A moda faz parte do cotidiano: o jeito como nos vestimos e as escolhas de roupa que fazemos contam um pouco de nossa história.
  • Afinal, comunicamos emoções, sentimentos e humores quando nos vestimos.

Roupa X idade: isso ainda importa?

Aos 58 anos, Michelle mostra que mulheres 50+ não precisam mais ficar adequando seu vestir de acordo com a idade e o corpo.

  • Que estilo não é usar sempre o mesmo tipo de roupa. Não à toa, ela vai do jeans e calças cargo aos ternos.
  • Estilo é movimento. Muda junto com a gente.
  • Nunca perco isso de vista no atendimento de minhas clientes, que às vezes chegam na consultoria de imagem achando que variar é perder o estilo.
  • Nada disso! Prezo a liberdade de escolha da minha cliente para que ela não fique refém de antigas regras sobre seu vestir.

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Miriam Lima

Miriam Lima

“Luto por um mundo mais justo e humano e ensinei isto a meus filhos. Determinação e persistência são características das quais me orgulho. Acredito que as mulheres são várias, mas também únicas, daí que dedico meu trabalho a cada uma delas e como todas nós algumas vezes ‘enlouqueço’ com as dinâmicas da vida. Escrever neste espaço sobre imagem pessoal, inconsciente, estilo, comportamento, humanidades me enche de alegria” PS – “LEVEI UMA VIDA PARA ME SENTIR BEM NA PRÓPRIA PELE”

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