O tênis, que virou ícone de estilo usado com alfaiataria e vestidos, escalou mais uma vez. A partir de maio, comissárias de bordo da Gol, assim como os 11 mil funcionários, vão poder optar por modelos feitos pela startup Yuool.
É a primeira companhia no Brasil a adotar o tênis no dress code. A ideia é dar mais conforto e flexibilidade, especialmente às mulheres, que por muito tempo foram obrigadas a subir no salto. Por questões de segurança, aquelas que são pilotos ou copilotos usavam sapatos Oxford nos voos.
Para os tênis a empresa fez uma parceria com a Yuool. E a startup escolhida também é um diferencial: os tênis sustentáveis e minimalistas da marca são em lã Merino, algodão orgânico ou garrafa PET, reciclada e rastreada.
- Os modelos para a Gol foram confeccionados em PET, material considerado mais adequado, durável e resistente ao uso.
- As cores seguem a identidade visual da aérea – corpo preto com sola laranja de grafeno.
Estilistas e os uniformes
Não é de hoje que companhias aéreas investem em uniformes conectados à moda, desenhados por renomados estilistas, renovando códigos de vestuário.
No Brasil, a Gol é a que mais inova. A última mudança no uniforme foi em 2020, com peças assinadas por Alexandre Herchcovitch.
O estilista criou camisas-bodies, jaquetas bomber, pulôveres e cardigãs com degradês do laranja ao cinza, além de paletó, terninhos, calças, tailleur, tubinhos, acessórios, cintos e echarpes.
Dress code e uso do tênis
Vale lembrar que se o tênis entrou para o vestir como elemento fashion há algum tempo, ainda enfrenta barreiras no espaço profissional.
- Há alguns meses, quando Renata Vasconcelos apareceu de tênis no Jornal Nacional, foi elogiada, mas teve quem criticou a “informalidade” da jornalista.
- Ela usou um modelo esportivo com alfaiataria e camisa.
Apesar da flexibilização, a “roupa de trabalho” continua dependendo das regras das empresas. E alguns paradigmas são quebrados aos poucos.
- Quando atendo clientes que querem assumir seu estilo pessoal no vestir profissional, elaboramos estrategicamente as mudanças.
- Isso permite que ela se sinta à vontade em suas escolhas de roupa e acessórios, sem destoar da cultura da empresa e da imagem que quer comunicar com seu vestir.
Ucrânia saiu na frente
Quem saiu na frente foi a SkyUp, da Ucrânia. Em 2021, a companhia lançou novos uniformes, manteve o laranja, substituiu a saia lápis por terninhos confortáveis e os escarpins foram trocados por tênis brancos da Nike.
- Em vez de blusas, camisetas de algodão.
- A echarpe foi deslocada do pescoço para ser presa no ombro.
- Mudanças que incluíram liberdade de penteado e make mais leve, inspirada nas “cores do céu”.
Lá vem história!
No final dos anos 1920, que marca o início da aviação comercial, as mulheres atuavam também como enfermeiras para dar segurança aos passageiros. O jaleco fazia parte do uniforme de então.
Na “era de ouro da aviação”, a partir de 1950, peças em alfaiataria com blazer bem cortado, saia lápis e sapatos de salto baixo eram a base dos uniformes. Um vestir mais refinado, mas com padrões de contratação excludentes.
- A aeromoça tinha de ser solteira.
Ter no máximo 30 anos, não pesar mais de 50 quilos e ter pelos menos 1,62m de altura.
Os óculos de grau eram inaceitáveis e o padrão era da mulher branca e de cabelos lisos. - Algumas poucas companhias criaram visuais sexistas no final da década de 1960 – calças justas, vestidos curtos e botas até o joelho chegaram a ser adotados como uniforme.
Isso não deu certo e passou! Ao contrário, companhias europeias começaram a contratar estilistas e marcas importantes para criar seus uniformes.