Você provavelmente já ouviu falar no termo “ageless”. Graças a celebridades como Iris Apfel e o adorável “Advanced Style” (Ari Seth Cohen, 2016) lançamos um olhar diferenciado sobre mulheres da terceira idade. Entendemos que elas podem ser ícones de estilo e têm muito a nos ensinar sobre padrões de beleza, saúde e bem-estar. Mas essa tendência não se restringe a editoriais de moda engraçadinhos.
Nos escritórios, aos poucos, requisitos de idade perdem a relevância. As companhias de alta-performance estão buscando diversidade em seu quadro de funcionários, fazendo com que colaboradores de diferentes faixas etárias interajam e troquem experiências. No Brasil, vivemos uma revolução na longevidade. Segundo uma reportagem da Gazeta do Povo, entre 1960 e 2010 o número de idosos com 60 anos ou mais passou de 4,7% para 10,8% da população. A estimativa é que até 2050 esse número triplique, passando a 29%. Os indicadores mostram que no Brasil a expectativa de vida atinge o patamar de 74,68 anos.
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anos é a idade de Iris Apfel, a celebrada modelo, empresária e designer norte-americana, ícone de estilo no mundo
PENSE SOBRE ISSO
- As transformações também podem ser enxergadas sob a perspectiva de gênero. No Brasil, famílias chefiadas por mulheres passaram de 23% para 40% entre 1995 e 2015, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
- Mulheres mais experientes já tomam decisões sobre o orçamento do lar, planos de saúde e orientam as mentalidades dissonantes de baby boomers, millenials e dos membros da empolgante geração Z.
- Melhorias nas estratégias de prevenção da atenção primária à saúde, a educação continuada, a busca por significado no trabalho, bem como a participação social são agentes importantes nesse processo de mudanças.
- Mas o que tem sido feito no mercado para que pessoas mais velhas se sintam incluídas o suficiente para buscar novas realizações na vida profissional e pessoal?
A tendência ageless na indústria da moda e da beleza
Não dá para falarmos em bem-estar sem passarmos pela autoestima, que em nossa sociedade está intimamente vinculada à indústria da beleza. Como manifestação estética, a tendência ageless afeta especialmente mulheres. Afinal, após atingir os 40 anos, elas se deparam com uma série de regras de vestimentas que as invalidam como seres repletos de vida. Tanto que em julho de 2017 a Vogue America fez barulho ao colocar a modelo Carolyn Murphy na capa da revista – ela tem 42 anos de idade.
Mesmo na moda, onde a tendência é mais comentada, ainda faltam as devidas adaptações. Os catálogos somente exibem modelos jovens, cujos corpos são valorizados pela mídia. Por consequência, eles desenvolvem mais desprendimento para usar as peças de roupas de diferentes maneiras, o que não ocorre entre o público mais velho.
É comum que as mulheres tenham vergonha da cintura volumosa, de marcas de flacidez ou celulite, e passem a cobrir mais o corpo. Com poucas opções confortáveis e elegantes, elas recorrem a peças com modelagem disfuncional.
Em 2017, a marca Fenty Beauty, da cantora Rihanna, tornou-se um ícone da revolução pela qual a indústria da beleza está passando, especialmente no quesito representatividade. Com mais de 40 tons de bases e campanhas que contavam com modelos das mais diversas etnias e biotipos, a Fenty mostrou que a inclusão gera receita e prestígio no mercado: a revista Time a condecorou como uma das 25 Melhores Invenções do Ano.
72
anos é a idade de Helen Mirren, atriz e capa da Allure
Essa movimentação pela representatividade também alcançou o público mais velho. A atriz Helen Mirren, de 72 anos, estampou a edição de setembro da revista Allure. Na publicação, a editora Michelle Lee apontava que “para mudarmos a forma como pensamos o envelhecimento temos de mudar a forma como falamos em envelhecimento.”
Há mais de 10 anos, a American Standards Association (ASA) baniu a palavra ‘antienvelhecimento’ das embalagens dos produtos, mas somente agora passamos a entender que os cremes voltados para a maturidade não devem ir contra os processos naturais pelos quais todos nós passamos. O papel deles é nos ajudar a envelhecer com saúde, não importa quantas marquinhas a pele tenha!
Elas andam com as ideias fervilhando e cheias de energia
Segundo pesquisas de Joseph F. Coughlin, diretor do AgeLab, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), à medida que a população envelhece, observa-se que as mulheres estão mais preparadas para os desafios da meia-idade do que os homens. Durante seus estudos, o consultor observou que, nessa idade, as mulheres estão com as ideias fervilhando, e têm grande energia para tirá-las do papel. Mais cientes de tudo o que ocorre na família e no lar, elas sabem quais oportunidades de trabalho são promissoras, bem como possuem uma noção mais apurada de como anda o mercado!
Mais do que criar campanhas publicitárias com celebridades mais velhas sob a bandeira do ageless, precisamos remodelar velhas lógicas de pensamento, que relegam aos idosos apenas paradigmas hoje ultrapassados. É preciso entender que podemos nos reinventar a qualquer instante de nossas vidas, e que oportunidades igualitárias de trabalho para todas as idades só trazem benefícios para as empresas!
Adaptações na liderança para receber o profissional mais velho
Ao notificar que muitas pessoas na faixa dos 50 a 60 anos perderam seus empregos e não conseguiam se recolocar no mercado, o empreendedor Mórris Litvak lançou uma plataforma de empregos voltada a esse público, chamada Maturi Jobs. Por meio dela, ele conecta empresas interessadas nesse tipo de mão de obra a quem procura por novas oportunidades. Em um ano foram publicadas vagas de mais de 300 empresas.
Em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Livak afirma que as empresas que contratam funcionários mais experientes têm muito a ganhar. Afinal, trata-se de um público em crescimento, com forte potencial para permanecer fiel ao negócio.
Com líderes cada vez mais jovens, as empresas precisam gerenciar a cultura corporativa para que colaboradores de diferentes faixas etárias se sintam incluídos e se disponham a aprender uns com os outros. Isso envolve desenvolver e disseminar práticas de tolerância às diferenças. O conhecimento de funcionários mais velhos traz benefícios para toda a equipe, e o entusiasmo dos mais novos ajuda a tornar os processos mais fluidos e menos burocráticos.
Se você também deseja novos ares para a sua carreira e está em busca de uma expressão coerente nessa nova fase em sua vida, venha participar do workshop “Construindo a imagem profissional com estilo”, no dia 03 de fevereiro! Corra, porque já estamos no segundo lote!