Quando você se veste, você pensa sempre no que o outro está achando da sua roupa? Dúvidas e inseguranças com o vestir são recorrentes no dia a dia, especialmente das mulheres, mas muita gente considera que consultoras de estilo e imagem, que dominam os códigos de vestir, aparência e comunicação, estão livre desse impasse.

Não é bem assim, o olhar do outro atravessa nossas escolhas o tempo todo, afinal, roupa é comunicação não verbal. Não à toa falamos em linguagem da roupa. Consultoras e outros profissionais que lidam com imagem, inclusive jornalistas de moda, também experimentam alguns dilemas e ‘dores’ sobre o próprio vestir.

Isso é mais comum do que se imagina e, ao mesmo tempo, quase um tema tabu entre as consultoras de imagem. Mas quem vê close, não vê corre. Colhi o depoimento de várias profissionais da nossa área relatando como se sentem muitas vezes inseguras sobre o seu vestir. Elas se preocupam com a impressão que causam com seu estilo pessoal e suas escolhas de roupa, exatamente pela nossa profissão.

Elas ficam pensando no efeito do seu vestir pelo olhar do outro, preocupadas em passar uma imagem que diz pouco sobre elas e até de afastar futuras clientes. Afinal, a roupa na qual se insere a moda, é uma ferramenta para tornar tangível quem somos e como queremos ser vistos.

A roupa tem sua linguagem, ajuda expressar para o mundo quem somos, nossas intenções, interesses valores. O que vai muito além do que vestimos e consultoras de imagem nem sempre tiram isso de letra o tempo todo, como qualquer outra pessoa.

O temor de não se sentir validada. Eis uma ‘dor’ da consultora

O vestir da consultora de imagem foi tema da aula exclusiva, que ministrei em 07/02, para as profissionais que participam do meu grupo no WhatsApp. E o assunto foi escolhido justamente porque muitas colegas contaram de suas dificuldades e inseguranças relacionadas à roupa e estilo pessoal.

Entre as ‘dores’ do vestir, relatada por uma das consultoras, estava o quanto ela não se sentia validada pelas clientes com seu atual guarda-roupa. Tem um aspecto objetivo nesse relato, que se refere à percepção de um armário que estaria datado. E passa pela falta de recursos para renovar suas peças, mas a gente pode avançar um pouco mais nisso, considerando que nem sempre as pessoas estão julgando nosso vestir, nós é que estamos nos julgando. Quando fazemos isso o tempo todo, fica impossível fazer nosso trabalho.

Quando a consultora está com dificuldades objetivas e práticas com seu guarda-roupa, qual a solução para se sentir mais segura com o seu vestir? Não tem receita, mas ativar a criatividade para lidar melhor com o que tem no armário pode ajudar muito. Use sua expertise técnica para repensar jeitos de usar e combinar peças, o que vai levar ajudar também suas clientes a lidarem com suas roupa e seus looks.

QUE TAL PENSAR SOBRE ISSO?

  • O que valida nosso trabalho na consultoria de imagem?
  • As roupas que usamos?
  • As marcas de moda que temos no armário?
  • O guarda-roupa ajuda, claro. Mas será que realmente valida?
  • O que é ser uma boa consultora?
  • Existe um ideal de consultora de imagem?
  • Seria aquela que se veste com marcas de luxo, roupas X ou Y?
  • Aquela que está postando determinadas fotos, sempre em ambientes requintados ou paradisíacos?
  • Aquela sempre produzida, impecável, que passa uma imagem perfeita?
  • E perfeição por acaso existe?
  • Será que não estamos presas a idealizações de vestir, de elegância além da conta?
  • Será que uma consultora não precisa bem mais do que um guarda-roupa repleto, e caro, para ter seu trabalho validadado?
  • A boa consultora é aquela que usar suas técnicas para oferecer soluções de imagem autênticas para a cliente
  • Que se esforça para entender sua cliente muito além da roupa e se conecta com ela.
  • Que sabe escutar a cliente e se vale dessa habilidade para compreender quem é a cliente, suas dores, dificuldades e o que quer da consultoria.

O caminho do autoconhecimento para entender nossas fragilidades

O que ajuda de verdade a lidar com as inseguranças em nosso vestir é o autoconhecimento. Quando a pessoa se conhece, consegue colocar um limite em ideais e modelos de imagem que são inatingíveis, que tiram o sono e leva a comparações sem sentido, que causam sofrimento e frustração.

A consultora de imagem precisa rever padrões idealizados de imagem, de corpo, de beleza, de vida perfeita, de profissional perfeita. Padrões que são irreais e não colaboram em nada para fazer diferença na vida da cliente e em suas questões de imagem.

Nos aspectos subjetivos, uma pessoa pode se sentir insegura com o seu vestir por se comparar demais aos outros. E costuma ter suas “dores” de imagem canalizadas para a roupa, porque parece que dá para solucionar sem grandes questionamentos. Mas não tem armário cheio, ou marca de moda, que dê conta da insegurança de sentir o ‘olhar’ crítico sobre o próprio vestir.

Não existe profissional de CI que não tenha passado por alguma dificuldades com a própria imagem. Vulnerabilidades e fragilidades atravessam a vida de todas as pessoas. Muita gente, que sente insegurança com seu vestir, se compara o tempo todo a outras pessoas. Isso é normal de vez em quando, mas deixar de ser você mesmo para querer se outra pessoa é adoecedor. Quem se compara tende a copiar, o que é bem diferente de se inspirar e buscar referências.

A consultora, a cliente e os riscos de idealizar a imagem

Toda vez que idealizamos a imagem de uma pessoa, ficamos reféns dessa idealização e nos perguntando sobre a avaliação que ela faz de nós. Por isso, a consultora de imagem não deveria buscar uma imagem ideal para si mesma, nem tentar corresponder a idealizações da cliente sobre sua imagem. Isso compromete o resultado do trabalho, e não resolve a vida da cliente com suas demandas de imagem, estilo e vestir.

A consultora deve é usar o melhor de sua técnica para ajudar a cliente, que contrata uma CI porque tem insatisfações, internas e subjetivas, que afetam sua imagem e a prática de atendimento humanizado não desconhece ou ignora dores de imagem da pessoa. Dessa forma, vamos conseguir oferecer soluções e propostas que a cliente possa endossar, se identificar e levar para seu guarda-roupa.

Autenticidade deve ser sempre um valor da consultora quando trabalha imagem e estilo pessoal da cliente. O que não é possível se a consultora não for também autêntica em sua imagem pessoal, seu vestir, seu comportamento. Uma boa consultora, além disso, conduz o processo, não conduz a cliente, não tenta impor seu gosto pessoal, sua visão de elegância. O contrário disso é reforçar estereótipos de aparência, corpo, vestir.

Miriam Lima

Miriam Lima

“Luto por um mundo mais justo e humano e ensinei isto a meus filhos. Determinação e persistência são características das quais me orgulho. Acredito que as mulheres são várias, mas também únicas, daí que dedico meu trabalho a cada uma delas e como todas nós algumas vezes ‘enlouqueço’ com as dinâmicas da vida. Escrever neste espaço sobre imagem pessoal, inconsciente, estilo, comportamento, humanidades me enche de alegria” PS – “LEVEI UMA VIDA PARA ME SENTIR BEM NA PRÓPRIA PELE”