Ao apresentar recentemente o Jornal Nacional usando um calçado esportivo, a quebrou um novo paradigma no dress code das âncoras da Rede Globo: o uso ‘obrigatório’ de salto alto
Já tem um tempinho que muita gente adota tênis + alfaiataria. E tem mil dicas de stylist para compor looks. Mas quando o calçado chega à bancada do principal telejornal da TV aberta ganha outra escala. Na edição do Jornal Nacional de 21/11 a jornalista Renata Vasconcelos apareceu com um modelo esportivo, que parece ser em tom de preto, ou marrom escuro, com detalhe em bege.
Não à toa, sua imagem com o combo camisa + calça alfaiataria + tênis viralizou no Instagram.
A apresentadora do Jornal Nacional usa roupas em tons mais neutros. O objetivo é que sua imagem passe credibilidade e que seu look não concorra com o noticiário.
Quando se levantou da bancada para acompanhar a apresentação da previsão do tempo, Renata Vasconcelos surpreendeu o público. Pela repercussão, e pelos elogios, seu tênis não afetou em nada sua imagem profissional.
Pelo visto, ela também abriu caminho para que calçados um pouco mais esportivos, ou mesmo sapatos sofisticados, mas sem salto, saiam do limbo na telinha.
- Acho que com seu tênis esportivo, Renata Vasconcelos fugiu da calça alfaiataria tipo ‘office look’, mantendo sua imagem sofisticada com uma bem-vinda pitada de despojamento.
- A jornalista nem sempre está de escarpim. Já apresentou o jornal com belos sapatos de salto ou bico quadrado, de altura média. O tênis, a meu ver, foi uma aposta para descontruir o excesso de formalidade, ainda tão presente no vestir das âncoras do telejornalismo.
- Interessante também que a marca do tênis esportivo nem foi comentada. Há quase um ano a jornalista postou em seu Instagram uma selfie com o mesmo tênis.
Estilo sofisticado e imagem autêntica
Acho que Renata Vasconcelos tem um estilo sofisticado, que transmite autenticidade. Suas camisas e paletós têm cortes e modelagens impecáveis.
E vez ou outra, a jornalista foge do branco e azul clarinho na camisaria trocando por tons de amarelo, verde musgo e até vermelho.
Dona do próprio estilo, ela adota uma alfaiataria diferenciada – você já notou que o comprimento das calças é próximo do tornozelo?
- A jornalista já disse que suas escolhas de roupa ajudam a dar destaque à notícia, o que não significa um vestir sem graça.
- Renata Vasconcelos imprimiu seu estilo pessoal à imagem profissional, incluindo óculos de grau, até então pouco usual nas bancadas de telejornais.
Salto alto é isso tudo mesmo?
Talvez faça sentido as mulheres na televisão usarem salto alto como um dos recursos para alongar a silhueta, pois é sabido que a TV achata a imagem.
Ao mesmo tempo, acho que não deveria ser uma regra rígida, levando em conta como a jornalista se sente e como ela quer comunicar sua imagem. Portanto, o salto alto não deveria ser uma imposição.
- E quem aguenta salto alto por duas, três, quatro horas caminhando pelo estúdio? Em 2016, Leilane Neubarth (Globo News), ao final da ‘Edição das 18h’, sem saber que ainda estava ao vivo, tirou os sapatos de salto alto no ar.
Foi uma onda de memes. Mas a jornalista tirou de letra. Em seu Twitter, riu de si mesma, e deixou a mensagem: “quem aguenta tantas horas de salto alto?” Pois é…
Estilo pessoal no trabalho: o mundo está mudando
Quando resolvi falar sobre tênis, Jornal Nacional e os novos códigos de vestimenta quis ampliar também a conversa sobre flexibilização dos códigos de no mundo do trabalho.
Como consultora de imagem, me mantenho muito atenta às mudanças no mundo. E acho emblemático que as jornalistas de TV, aos poucos, colaborem para flexibilizar esses códigos.
Isso é bem significativo. Elas trabalham em grandes empresas de mídia, devem seguir regras e, ao mesmo tempo, romper com algumas delas. Pela visibilidade que possuem, inspiram outras mulheres com seus estilos, suas roupas, sua imagem.
Não está na hora de rever antigos códigos e padrões?
Sempre me coloquei na posição de questionar ou rever algumas regras e fórmulas sobre códigos de vestimenta, que os novos tempos estão tornando cada vez mais datados. Faz parte do meu trabalho na consultoria de imagem ajudar a cliente, sem impor meus gostos e parâmetros pessoais.
Penso que fórmulas prontas na minha consultoria de imagem não resolvem ou atendem as demandas, dificuldades e expectativas das mulheres no mundo atual.
Personalizo meu atendimento, pois cada cliente para mim é verdadeiramente única. Quando começamos o retorno à vida social e ao trabalho presencial, atendi algumas clientes com dúvidas e dilemas sobre o que vestir após meses de home office.
- Tive clientes que estavam assumindo novos cargos, ou em transição de carreira, e queriam se reconhecer em sua imagem.
- Elas buscaram minha ajuda em busca de uma identidade visual genuína e de acordo com seu momento de vida.
- Entender a cliente. o que ela quer e espera de um processo de consultoria de imagem é essencial para oferecer propostas que contemplem, de verdade, suas necessidades.
- Por isso, acredito que uma CI bem sucedida e com ótimos resultados é aquela em que a cliente consiga implementar no dia a dia.