A cliente se identifica com o estilo de alguém e quer expressar isso em sua identidade visual? Isso não é um problema, já que a identificação com o outro faz parte da nossa vida. Mas quais os sinais de que essa identificação é excessiva e pode comprometer a consultoria de imagem? Difícil um profissional da consultoria de imagem não se deparar com essa questão. A necessidade de pertencimento e de aceitação faz parte da nossa existência. Todos nós precisamos do outro, que funciona como uma de espécie de espelho.
Há pessoas que precisam mais que do que outras de ser reconhecidas pelo estilo de vida para se sentir integrada e aceita no seu grupo social. Daí cortar o cabelo com um determinado cabelereiro e com aquele corte X que está na moda, frequentar certos lugares, comprar roupas e acessórios de marcas ou lojas específicas. Não estou aqui criticando escolhas e comportamento de ninguém, mas acho que algumas vezes perdemos a mão, indo longe demais, sem levar em conta nosso gosto pessoal.
Quem já não passou por isso? Nós vivemos imersos em padrões culturais, sociais e de comportamento. Necessitamos da aprovação e do olhar do outro. Gosto muito de uma frase do psicanalista Contardo Calligari, quando ele diz que “não existe isso de vestir-se para si mesmo, em tudo o que fazemos está o olhar do outro sobre nós”. E quando a necessidade de aprovação e a busca pelo olhar do outro se torna um imperativo? Eu fico sempre atenta quando percebo que uma cliente quer se tornar a imagem e semelhança de alguém. Tipo uma cópia, um xerox.
Fique atenta aos sinais da cliente
Recentemente, na caixinha de mensagens do stories do Instagram, algumas consultoras de imagem sugeriram que abordasse esse tema, pois se viram às voltas com clientes que não só queriam ser ajustadas a um padrão, mas ao padrão estético e de estilo delas, consultoras. Entendo que isso não é um problema quando a cliente se identifica com algumas das características, do jeito, dos traços ou mesmo do gosto consultor.
PARA PONTUAR
- Quando essa identificação é chapada e a cliente quer ser a cópia do consultor em termos imagéticos devemos ligar nosso alerta.
- Faz uma diferença danada o consultor de imagem não ignorar esses sinais. Não dá para varrer a poeira para debaixo do tapete.
- Faz também uma diferença danada o consultor devolver ao cliente suas próprias afirmações em forma de perguntas. Como as que seguem, a título de exemplo: Você quer um estilo de vestir igual ao meu? Você quer o mesmo corte de cabelo?
- Com isso, podemos ajudar a cliente a questionar suas certezas sobre padrões idealizados de imagem e de estilo.
Não queira ser um modelo para sua cliente
Como manejar essa situação e entregar uma proposta autêntica de identidade visual, se a cliente pede para ser enquadrada? Quando o cliente escolhe um consultor de imagem, não importa se é por indicação de alguém, essa escolha embute uma identificação com o profissional. Identificação que sempre vem das marcas inconscientes da história de vida do cliente.
Considero, e isso vem da minha vasta experiência na psicanálise, que sempre vão existir pontos cegos na interação consultor-cliente, como pode exister em outras relação. Mas lidar com isso e identificar excessos vai do interesse e da sensibilidade do consultor de imagem. Nestes casos, eu conduzo um processo ainda mais cauteloso para saber mais da minha cliente e das suas demandas de imagem e de estilo. Jamais me propus a ocupar o lugar de modelo a ser copiado. Ou me adaptar a uma idealização do cliente sobre quem sou. A via da idealização é sempre perigosa!
“A cliente, ao procurar o consultor de imagem, tem certeza de que o profissional detém todo o saber sobre as necessidades dela. Mas não é bem assim que as coisas funcionam!”
O consultor de imagem, e é dessa forma que trabalho e ensino em meus cursos, pode ajudar o cliente a entender quais os seus entraves e dificuldades de imagem. Mas para isso, nós, consultores de imagem, precisamos ter em mente que as respostas estão com o cliente, não com a gente.
Precisamos trabalhar com o material que a cliente oferece. Escutar atentamente seus relatos, sem tentar resolver problemas da cliente, que estão fora do nosso alcance. Na medida do possível devemos interromper o que pode ser um círculo viciosos, que pode estimular a cliente em seu copia cola outra pessoa.
