“A elegância dever ser a combinação certa de discrição, naturalidade, cuidado e simplicidade. Fora isso, acredite, não há elegância, apenas ostentação”. Essa frase de Christian Dior tem mais de 65 anos. Isso mesmo! Faz parte do livro O Pequeno Dicionário de Moda, que gosto muito, e que o estilista escreveu na década de 1950.
Recorri a Dior para conversar sobre como a consultoria de imagem, ainda hoje, aborda o estilo elegante como referencial, e exclusividade, de classe social.
Quando se trabalha na CI os Sete Estilos Universais, o ‘estilo elegante’ continua atravessado pelos conceitos de quem usa alfaiataria, seda, linho, tecidos sofisticados, cores neutras e discretas, modelagens diferenciadas. Ou seja, elegância como sinônimo de luxo, poder econômico, marcador de status.
MAS…
- Será que as mulheres só podem ter um estilo elegante se tiverem uma boa conta bancária?
- Será que elegância está mesmo restrita aos looks em cores neutras, linhos, sedas e afins?
- Será que elegância é não usar jeans, não usar estampas, não usar tênis?
- Será que quem gosta de muitos detalhes, opondo-se a looks monocromáticos, não pode ser elegante?
Menos padrões, mais estilo
Minha cliente da consultoria de imagem, e a sua, ainda querem tanta imposição? Uma coisa é a pessoa transitar por um jeito mais clássico, formal ou sofisticado de roupa e acessórios.
Outra coisa bem diferente é impor à cliente o receituário de elegância, que na consultoria de imagem vem dos Estados Unidos. Foi pensado há 40 anos para mulheres brancas, da elite, inseridas em uma cultura bem diferente da nossa.
Quando Alyce Parsons, nos anos 1980, elaborou os Sete Estilos Universais, ajudou a estabelecer e sintetizar alguns códigos de vestimenta. Mas estamos no século 21, muita coisa mudou, as pessoas têm acesso à informação de moda, de tendências, de lançamentos, buscam inspirações, querem se expressar com mais liberdade, autonomia.
Sabe aquela história de querer ser modelo de imagem e estética para alguém? Nada mais ultrapassado em nosso trabalho na consultoria, que pode, inclusive ser danoso à cliente.
Quanta gente interessante anda por aí com looks diferentes e personalíssimos, que fazem misturas interessantes, conseguindo expressar uma elegância inigualável, que vem de sua autenticidade?
“Estilo é o que dá forma ao pensamento e mostra quem você é de verdade. Estilo distingue quem espelha de quem irradia. Estilo é conquista individual, plena de autonomia. Ele nos dá sentido de competência, prazer e segurança. Transcende tempo e gênero” (Costanza Pascolato)
O mundo mudou. Pense nisso!
Quando começamos a questionar modelos impositivos de elegância, iniciamos também um caminho em prol da diversidade de corpos, idade e raça. Espero que as técnicas para alcançar a impecabilidade no vestir, e nas escolhas de roupa, estejam com os dias contados. Afinal, o mundo mudou. Fechar os olhos para essas questões pode deixar nosso trabalho sem sentido, sem significado, sem ressonância com as mulheres da vida real.
- A gente precisa rever esse conceito de elegância, pois ainda é muito comum as clientes da consultoria de imagem pedirem um ‘estilo elegante’.
- Só que cabe a nós entender, de verdade, o que é elegância para cada cliente, nos descolando de estereótipos.
- Nos livros sobre consultoria de imagem, e em alguns cursos, aprendemos que quem segue o ‘estilo elegante’ é impecável na aparência, nunca está demais ou de menos, passa uma imagem refinada.
- E você, o que pensa sobre isso? Me escreva. Vamos continuar essa conversa!
“Você pode ser a coisa mais chique do mundo em uma camiseta e jeans – só depende de você” (Karl Lagerfeld)
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