Na consultoria de estilo e imagem trabalhamos com a técnica, que é objetiva, enquanto a lida com a cliente é subjetiva, perpassada pelas singularidades da pessoa. Dificuldades e desejos de imagem são únicos, mas alguns entraves que surgem na relação consultora/cliente podem ser identificados e resolvidos pela profissional. Trato de três deles aqui e de como não ficar refém dessas situações e comportamentos, que terminam impactando negativamente os resultados da CI e a fluidez do processo.
Entraves na relação da consultora com a cliente, assim como as dificuldade que decorrem deles, passam longe de ser da ordem técnica. Não é nenhum bicho de sete cabeças evitá-los, mas depende da disposição da profissional de se questionar sobre como está conduzindo seu atendimento. Como criar um bom relacionamento com a cliente, menos acidentado, mais conectado, que resulte em propostas que satisfaçam os desejos e demandas de imagem? Comece essa jornada por você mesma, investindo em se conhecer.
Ou seja, conhecer suas próprias dificuldades com imagem, corpo, trabalho, vida. Quanto mais conhece seus entraves com aparência, suas vulnerabilidades emocionais, mais recursos a consultora tem para ajudar a clientes nas dificuldades de imagem dela. O autoconhecimento é o melhor caminho para desenvolver um trabalho autêntico, qualquer que seja o campo de trabalho, para conseguir contemplar os gostos, necessidades e desejos da cliente.
- Consultoria de imagem humanizada não é oba-oba, deixando a cliente sem informações técnicas que a ajudem a lidar com suas roupas, sua aparência, sua comunicação, seu estilo pessoal.
- Mas a diferenciação no mercado de CI vem da forma como a profissional aborda a cliente para entender realmente as dificuldades dela.
- Esse é o pulo do gato, digamos assim, o conhecimento técnico a serviço da cliente, sendo trabalhada de acordo com o que ela busca.
Quando resolve os entraves na relação com a cliente, a consultora tem mais recursos de conduzir o atendimento:
- Para que a cliente ganhe autonomia em relação à sua imagem, comunicação e seu vestir.
- Para que a cliente implemente as propostas de identidade visual e de guarda-roupa.
- Para que a cliente se reconheça em sua imagem e estilo, saindo da consultoria melhor do que entrou.
Quais são e como lidar com três entraves do relacionamento consultora/cliente
1. A consultora tem dificuldade de compreender e respeitar os limites e o tempo da cliente
A formação técnica é essencial, mas via de regra, a consultora aprende a estabelecer passos/etapas rígidas, o que pode levar a processos de atendimento que se assemelham a uma linha de produção. Cada cliente tem suas dificuldades, seja com cores, guarda-roupas, no excesso de compras. Mesmo que elas se pareçam, diferem na forma como cada pessoa entende ou não essas questões como dificuldade.
- Respeitar o tempo da cliente inclui, entre outras coisas, deixar que ela assimile as questões técnicas da fase da coloração pessoal, por exemplo.
- Muita gente não acha fácil lidar com uma nova cartela de cores, fica insegura, tem dúvidas, acha que não vai dar conta, e precisa ter seu ritmo acolhido pela consultora.
2. A consultora quer enquadrar a cliente a padrões de imagem, estilo, corpo
A profissional pode tentar também adequar a cliente aos seus próprios modelos de imagem, estilo, guarda-roupa, aparência. Ocorre ainda de a própria cliente pedir isso, mesmo que indiretamente. Quando a consultora não cede a enganosa facilidade das fórmulas prontas, ajudando a cliente a compreender isso, impacta positivamente o resultado da CI.
- Nosso desafio é empregar as técnicas de acordo com a cliente, considerando seu momento de vida, suas reais demandas, as dificuldades que ela experimenta no decorrer do processo.
3. A consultora dá mostras de um ego inflado
Quando a consultora é tão tomada de si mesma, vaidosa ao extremo com sua imagem, dando mostras de um ego inflado, não lida com suas próprias vulnerabilidades – que todos temos, querendo ou não, mais longe fica de poder oferecer uma identidade visual que contemple verdadeiramente sua cliente. Não importa se a cliente é magra, gorda, jovem, velha, tem muito ou pouco dinheiro para comprar roupas e acessórios. Assim como nós, ela tem fragilidades e dificuldades relacionadas com corpo, aparência, estilo pessoal.
MAIS SOBRE EXCESSO DE EGO
- A consultora ocupada demais em mostrar suas qualidades, como se tivesse todas as respostas, que busca elogios por sua imagem, performando seu visual, sua comunicação, seu guarda-roupa, vai entender como a cliente?
- A profissional que idealiza a própria imagem não tem nada a oferecer a cliente, porque vai propor o que ela, consultora, considera ‘perfeito’ segundo seu jeito de ver o mundo.
- Toda imposição de estilo e imagem à cliente é um ato narcisista da consultora. Ou seja, se a consultora impõe algo a cliente, está nessa posição narcísica, de muita vaidade, de ego inflado.
- Não existe autenticidade quando se padroniza a identidade visual. Os valores, crenças e gostos da consultora não interessam à cliente.
- Nosso trabalho deve passar longe de idealizações. Nosso papel é o de ser uma intérprete do que a cliente quer e precisa, fazendo isso da forma mais fiel possível, considerando 100% os interesse dela.
- As dificuldades da cliente com a imagem, e até com a vida, assim como as facilidades, são diferentes daquelas vivenciadas pela consultora.
Seis coisas que a consultora deve evitar na relação com a cliente
- Não compare a cliente com outra pessoa. Mesmo que seja para privilegiar a imagem dela ou tentar dar uma vantagem a cliente. Além de não funcionar, pode criar uma situação constrangedora.
- Não dê conselho. O que vale para você, não vale para o outro. a cliente paga para que você a oriente em sua imagem e estilo, mas por meio das lentes dela, não pelas suas.
- Não dê todas as respostas para a cliente, até porque isso é impossível. A consultora deve ajudar a cliente a questionar, refletir, saber um pouco mais a relação dela com a própria imagem. Com isso, oferece recursos e ferramentas para a cliente se reconhecer no seu estilo, sua roupa, sua aparência.
- Não entre em guerra com a cliente, não dispute imagem com a cliente, cedendo a embates com ela, que nem sempre se mostra acessível. Não caia nas armadilhas dos excessos de elogios da cliente. Não tome as atitudes da cliente como algo pessoal. Quase sempre a guerra da cliente é com ela mesma.
- Não julgue a imagem da cliente, tampouco o que a cliente fala sobre a própria imagem. Mesmo sem verbalizar, seu jeito, seu olhar, sua expressão facial levam a cliente a perceber que está sendo julgada.
- Não faça perguntas relacionando causa e efeito ou criando associações que vêm de suas próprias interpretações dos relatos da cliente. A pretensão de entender e saber tudo sobre a cliente é só isso mesmo, uma pretensão. Nunca vamos saber tudo de uma pessoa, nem sobre nós mesmas sabemos tudo. Nosso trabalho é provocar, no melhor sentido, a cliente a se indagar, e não dar todas as respostas para a cliente.