O que é ser criativo? Como fazer da criatividade uma ferramenta de trabalho na consultoria de imagem? Por que essa competência é cada vez mais importante para nos diferenciar no mercado? Caso você, profissional de imagem, estilo e marca pessoal, ande se interrogando sobre esse tema, já está criando processos ligados ao próprio fazer criativo. Nos questionar é essencial para pensar fora de caixinhas! Portanto, que tal esquecer dos antigos jargões de que a criatividade é um dom inato, privilégio de alguns gênios das artes, da literatura, das ciências, da tecnologia, da publicidade?
Ser criativo, na vida e no trabalho, está ao alcance da maioria das pessoas, e podemos aprender e treinar essa habilidade. O que não se dá do dia para a noite, nem existe “a fórmula” para isso, mas, sim, processos que envolvem a descoberta de nossa capacidade criativa. Ou seja, todos fazemos conexões no dia a dia em busca de soluções para algum problema. É enganoso pensar que criatividade é sempre criar coisas 100% novas. Conta muito ser original, não seguir normas pré-estabelecidas e não replicar o que já foi feito milhares de vezes. Muitas vezes, criatividade é combinar coisas já existentes, gerando novas ideias ou propondo caminhos diferentes dos já estabelecidos.
O profissional de imagem na era da criatividade
Na consultoria de imagem, sem a criatividade, por mais que dominemos as técnicas, corremos o risco de entregar um resultado que não contemple genuinamente as necessidades do cliente. Cada cliente traz problemas únicos e pede soluções personalizadas, não meramente funcionais. E isso vai nos diferenciar cada vez mais no mercado. Não à toa, “ser criativo” tornou-se uma das competências essenciais para a empregabilidade. No mundo trabalho, e do empreendedorismo, vivemos a era da criatividade.
Vamos cada vez mais falar, debater e refletir sobre criatividade, que foi o tema de uma live que fiz no Instagram, no dia 3 de maio. Conversei com Ariadne de Assis – consultora de imagem, arte-educadora, professora de moda e estudiosa da criatividade, sobre processos criativos e a importância deles no nosso trabalho. O bate-papo você pode conferir na minha rede, assim como os vídeos da série de lives que iniciei em maio, e a agenda da semana dos novos encontros.
Segundo Ariadne de Assis, para desenvolver a criatividade, “Precisamos nos colocar em questão. Imaginar uma situação, propor vários tipos de solução, seguir uma delas. Um exercício é estar sempre se questionando”. Por isso, lembro que ser criativo está ligado à busca, seja a solução de um problema, seja pelo próprio exercício da criatividade. Estamos vivendo um mundo de imediatismo, de resultados rápidos, e às vezes o processo criativo pode ser mais importante e significativo que determinado resultado.
Daí a importância de buscar e criar determinadas ferramentas, que ajudem a nos aproximar mais do cliente, já que a problematização que a cliente traz exige que acionemos nossa criatividade. Para Ariadne, no “fazer criativo temos de procurar, dentro de nossos processos, aceitar nossas vulnerabilidades”. Entre elas, e isso vem de minha experiência na consultoria de imagem, e dos 20 anos clinicando em psicanálise, topar e não deixar de lado as dores da cliente. O que pode ser um impulso para recriar nossos processos de atendimento, como ensino na metodologia Interno.
Benefícios do “eu criativo” na consultoria de imagem e estilo
1
Diferencia o nosso trabalho e melhora a vida do cliente, que terá suas necessidades de imagem atendidas.
2
Amplia nossa visão de mundo. O tal pensar fora da caixa e até sem caixinhas, o que reverbera no nosso trabalho. Quem se propõe a uma prática de consultoria de imagem e estilo humanizada, em prol da diversidade de corpos, rostos, sem paradgmas de idade, certamente vai ganhar muito ao investir na própria criatividade.
3
Nos estimula a ser mais ousados, curiosos, investigativos, corajosos e ter mais prazer no que fazemos.
4
Influência positivamente nossa autoestima. Quem não quer se sentir bem na própria pele?
Como chegar lá? Algumas ações que ajudam na criatividade
Medo de errar abafa e/ou paralisa a criatividade. Errar não nos faz ser criativo, mas é parte do processo da criatividade. Instale um ambiente onde você possa se expressar livremente, sem se preocupar com a opinião do outro. Isso é muito importante para que seu lado criativo aflore.
- Desenvolva o pensamento associativo: ele ajuda a estabelecer conexões entre questões que parecem isoladas ou inicialmente até sem sentido.
- Questione-se: deixe de lado as certezas absolutas. Procure ser mais curioso, não se satisfaça com respostas prontas.
- Amplie seu repertório: leia mais, adquira conhecimentos além do seu campo profissional, relacione-se com diferentes gerações.
- Lembre-se: música, recital, filmes, passeios, natureza, exposições de arte também são repertórios. Cada pessoa aciona de um jeito, ou de várias formas, sua criatividade, que pode ser aprendida, mas inclui processos subjetivos.
- Ócio criativo: porque algumas ideias e soluções aparecem quando estamos no banho, por exemplo? Isso não elimina pesquisa, estudo, planejamento. O cérebro precisa também de descanso e distrações, o que não tem nada a ver com postergar tarefas.
- Insight: traz um jeito novo de pensar sobre determinado assunto. Ocorre quando se tem uma súbita clareza em relação a um problema, o que ajuda a construir ideias criativas, não a ideia em si.
Pergunte-se: porque não?
Sempre que uma ideia absurda surgir, pense que pode ser um caminho. Não a perca de vista e permita que o impensável possa vir à tona. Junte ideias desconexas, que não parecem fazer sentido: desse aparente “caos” podem surgir soluções que fogem do óbvio. Nossas memórias, vivências e experiências, conscientes e inconscientes, fazem parte do processo criativo.
Criatividade ainda faz parte dos “mistérios do cérebro”. Saiba por quê!
Na verdade, cientistas ainda buscam respostas para o processo criativo, fonte de pesquisas de neurocientistas, cientistas sociais, psicólogos, filósofos. Ou seja, a criatividade ainda faz parte dos “mistérios do cérebro humano”. Mas como nascem as ideias? Elas envolvem os lados direito e esquerdo do cérebro? Se conectam?
De acordo com Konrad Lehmann, neurocientista alemão, “quando ocorre uma ideia, aumenta a atividade no hemisfério direito do cérebro (ligado à criatividade). Isso é seguido de atividade no lado esquerdo do cérebro, quando ocorre a confirmação, a última etapa do processo criativo. Nela, a ideia é avaliada, colocada em prática e revelada ao mundo exterior”.
Na entrevista ao site Deutsche Welle, Konrad Lehmann falou também sobre o que fazer quando enfrentamos um bloqueio criativo, e afirmou que há duas abordagens para lidar com esse sentimento de vazio:
- “Um dos métodos indica: apenas comece. As regiões cerebrais treinadas começarão, então, seu processo de escolha e avaliação de informações, o que pode desencadear uma cascata de atividades que levam a uma ideia criativa”.
- “Outra ideia é baseada exatamente no oposto: reúna o problema, tente fazer algumas pesquisas, encontrar algumas soluções e, então, deixe suas anotações de lado e saia para uma caminhada ou, simplesmente, vá tirar uma soneca”.
- “Assim, tenta-se manipular o cérebro na esperança de ativar a rede de modo default (DMN) e deixá-lo fazer o trabalho”
- (Fonte: Konrad Lehmann, neurocientista, site Deutsche Welle)
“Ser criativo” e o ranking global de competências
Novas competências ganham destaque e sobem do mundo corporativo. Mudanças que estavam em curso, mas foram aceleradas pela pandemia com a adoção do home office, levaram as empresas a rever habilidades fundamentais no mundo do trabalho. No top 10 da lista aparecem em sequência o pensamento analítico, aprendizagem ativa, capacidade de resolver problemas complexos, pensamento crítico e criatividade.
Ou seja, ser criativo é cada vez mais importante para um lugar ao sol no mercado, o que inclui empreendedores. “Ser criativo” ocupa o quinto lugar no ranking global, e o terceiro no Brasil, quando se perfila profissionais 4.0, ou quarta revolução industrial. As informações são do relatório The Future Jobs, produzido anualmente pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), que deixou claro que a Covid-19 acelerou o futuro do trabalho, e as dez principais competências listadas indicam o que empresas e mercado esperam dos profissionais.
“A Coragem de Criar”
A criatividade, tão estudada, e ainda tão intrigante, move cada vez mais o mercado, a economia, o mundo do trabalho, o empreendedorismo. O profissional da consultoria de imagem pode e deve levar para sua prática profissional o “fazer criativo”. Acredito que ser criativo exige esforço, não ficar ensimesmado em nossos saberes e técnicas, ampliar nosso olhar, nutrir nossos repertórios intelectuais, sensoriais, afetivos. Para o psicólogo norte-americano Rollo May (1909 – 1994), autor de “A Coragem de Criar”, e um dos grandes estudiosos do tema, não existe ser humano sem capacidade de criar, um ato libertador, que exige coragem.